Felicidade. Ansiedade. Frio na barriga. Vontade de mudar. Esses eram os sentimentos que nós, Emile Gomes e Raline Pontes, estávamos sentindo ao embarcar em um avião para Brasília. Pela primeira vez, estaríamos juntas com a importante missão de representar o Instituto Rebbú na Câmara dos Deputados Federais, uma oportunidade única concedida pelo Greenpeace Brasil e Clima de Eleição através do programa Adaptajuv: advocacy, adaptação e juventudes pelo Clima.

Tudo começou a partir de uma formação online, que iniciou em agosto de 2023, com 50 coletivos de Manaus, Recife e São Paulo, uma formação que nos deu a oportunidade de aprender sobre como atuar em nossos territórios através de aulas sobre advocacy para lutar por políticas públicas eficazes para combater a crise climática e refletimos ainda mais sobre o nosso papel como atuantes nessa causa, buscando soluções para as populações e territórios mais vulneráveis.
É de suma importância pensar em políticas de adaptação às mudanças climáticas com práticas antirracistas e de inclusão a grupos marginalizados, como mulheres, população lgbt, indígena e ribeirinha, que normalmente já estão em situação de vulnerabilidade e necessidade de um apoio maior com as crises climáticas. Entendemos o advocacy como ferramenta estratégica de cobrança de políticas públicas para muito além da ação por si só, mas de forma a abranger soluções efetivas que incluam a própria comunidade impactada no processo decisório. , como poder público por soluções efetivas e influenciar a própria comunidade no processo decisório na hora de colocar pessoas no poder.
Para nós, enquanto amazônidas, sabemos que o Amazonas sofre com uma seca severa que está cada vez mais agravada pelo desmatamento e queimadas, isolando e atingindo muitas comunidades, principalmente as áreas mais vulnerabilizadas. Essa formação nos trouxe um alerta e mostrou como é urgente promover ações sobre adaptações nos territórios incluindo, principalmente, os mais afetados para fazerem parte da construção de soluções. E não existe pessoa melhor pra fazer isso que não seja nós, que moramos e conhecemos o nosso território.
Após o período intenso de aulas, com professores convidados/as incríveis, muito aprendizado e muita dedicação, em novembro, recebemos uma notícia maravilhosa: fomos uma das seis organizações selecionadas para a segunda fase do programa. Essa seria uma etapa importante, aquela do frio na barriga que comentamos lá em cima. Uma imersão em Brasília nos esperava.
IMERSÃO EM BRASÍLIA
Entre os dias 21 e 23 de novembro, estivemos em Brasília junto com outras 5 organizações para imergir e colocar em prática um pouco do que aprendemos na primeira etapa do programa.

Chegamos no final da manhã em Brasília e logo no almoço pudemos conhecer pessoalmente todos os representantes das outras organizações e logo ali já nos conectamos, pois enxergamos um no outro um pouco das vivências e semelhanças entre cada um de nós. Após o almoço, tivemos um momento de oficina para conhecermos melhor o trabalho de todos os selecionados, relembrarmos alguns pontos que vimos no curso e nos prepararmos para as agendas agitadas dos próximos dias, pois na manhã seguinte era colocar a mão na massa no Congresso Nacional.

No dia 22, acordamos cedo, tomamos um café reforçado e fomos rumo ao Congresso Nacional, onde conhecemos a esplanada dos ministérios, acompanhamos alguns bastidores da Câmara dos Deputados e da reunião da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Após o almoço, era chegada um dos momentos mais esperados por todos, a audiência pública sobre Adaptação Climática nos Municípios e o Protagonismo de Lideranças Jovens, dirigida pela deputada Talíria Petrone.
Durante a audiência, falamos sobre a necessidade de olhar para crise climática com um recorte de gênero, já que as mulheres são as mais afetadas pela mudança do clima, e demos exemplos de como a pobreza menstrual é um dos problemas acarretados por essa grande crise. Ainda, reforçamos a importância das tecnologias de sobrevivência e de ouvir as comunidades periféricas na hora de pautar soluções para crise climática, pois como dizemos sempre, a SOLUÇÃO VEM DA COMUNIDADE.
Assista a audiência completa aqui
No terceiro e último dia em Brasília, tivemos a oportunidade de conhecer e conversar com representantes do Ministérios das cidades, Ministério dos Povos Indígenas, Ministério do Meio Ambiente e mudanças climáticas, onde fomos recebidos pela Ministra Marina Silva, e finalizamos a nossa agenda e imersão no Ministério da Igualdade Racial.

Foto: Adriano Machado/ Greenpeace Brasil
Foram dias intensos e repletos de conhecimento e trocas, entre os campos governamentais, mas principalmente entre o conhecimento popular que vem de cada organização participante, trazendo a realidade do seu território como ferramenta de transformação social.
PRÓXIMOS PASSOS
O plano de ação de cada organização selecionada será colocado em prática em 2024, onde faremos uma campanha de Advocacy com o objetivo de implementar tudo que aprendemos, fortalecendo a ideia sobre a importância do cuidado ao escolher uma pessoa para estar no poder, que tenha um olhar atento às crises climáticas, visto que será um ano de eleição municipal. Sabemos que as pessoas mais impactadas são de áreas mais vulneráveis a esses eventos e precisamos urgente mudar esse cenário, buscando de forma coletiva continuar na luta e trabalhando em prol das comunidades.